Estilo de vida ativo : incentivo desde a infância

sedentarismo apresenta prevalência elevada em diversos

países. A prática de atividade física regular é um

dos principais componentes na prevenção do crescimento

da carga global de doenças crônicas. Estudos epidemiológicos

indicam que, mesmo diante desse fato, grande parcela

da população não atinge as recomendações atuais quanto à

prática de atividades físicas. (HALLAL et. al, 2007).

Segundo dados do Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos

de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos

não Transmissíveis do INCA (INSTITUTO NACIONAL DO

CÂNCER, 2005), em crianças e jovens, a atividade física interage

positivamente com as estratégias para adoção de uma

dieta saudável, desestimula o uso do tabaco, do álcool, das

drogas, reduz a violência e promove a integração social.

A Organização Mundial da Saúde apóia a construção de

políticas públicas que coloquem em relevância a importância

da atividade física para uma vida mais saudável, além de desenvolver

eventos que estimulem a prática da atividade física

regular e divulguem os efeitos benéficos para a saúde das populações

em diferentes condições de saúde. (BRASIL, 2002).

A partir da adolescência, as pessoas tendem a diminuir, de

forma progressiva, o nível de atividade física (INSTITUTO

NACIONAL DO CÂNCER, 2005). Iniciativas que objetivem a

prática de atividades físicas na infância e adolescência aparecem

como um dos determinantes de um estilo de vida ativo na

vida adulta. Assim, a atenção especial à prática de atividades

físicas durante a infância e adolescência pode ser o primeiro

passo para diminuir o crescente quadro de sedentarismo e suas

conseqüências entre as populações.

Doenças Crônico-Degenerativas

As doenças crônico-degenerativas (DCD) caracterizam-se

pela ausência de microorganismos, pelo longo curso e pela irreversibilidade

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003).

São a principal causa de mortalidade e incapacidade, responsáveis

por 59% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. Gradativamente,

o problema afeta populações dos países desenvolvidos

e em desenvolvimento (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

DA SAÚDE, 2003).

As DCD também são conhecidas como agravos nãotransmissíveis,

que incluem doenças cardivasculares, diabetes,

obesidade, câncer e doenças respiratórias. Segundo a OPAS

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003), os

fatores de risco que mais contribuem para as DCD são obesidade,

alto nível de colesterol, hipertensão, fumo e álcool. Muitas

vezes, as pessoas apresentam mais de um fator, o que agrava

ainda mais sua situação clínica. Isso é reflexo das grandes

mudanças que vêm ocorrendo no estilo de vida das pessoas

no mundo, sobretudo pelos hábitos alimentares inadequados,

baixos níveis de atividade física e a prática do tabagismo.

É cientificamente reconhecido que uma mudança nos hábitos

alimentares e na atividade física pode influenciar fortemente

vários desses fatores de risco na população (ORGANIZAÇÃO

PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003). Há evidência

científica sugerindo que os seguintes comportamentos podem

produzir mudanças rápidas nos fatores de risco e na carga relativa

às DCD: consumir mais frutas e verduras; ter atividade

física diária; trocar gorduras saturadas de origem animal por

gorduras insaturadas de óleo vegetal; diminuir a quantidade

de alimentos gordurosos, salgados e doces; manter um peso

corporal normal e não fumar (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA

DA SAÚDE, 2003).

As causas de DCD são complexas, sendo necessárias ações

permanentes que foquem não apenas indivíduos e famílias,

mas também aspectos sociais, econômicos e culturais determinantes

dessas doenças. A OPAS (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA

DA SAÚDE, 2003), recomenda fortemente a

promoção da atividade física, pois interage de maneira positiva

com as estratégias para melhorar os hábitos alimentares,

desencorajar o tabagismo e o consumo de álcool e drogas, reduzir

a violência, aprimorar a capacidade funcional e promover

a integração social.

Alimenta ção saudável

A alimentação não se delineia enquanto uma “receita” préconcebida

e universal para todos, pois deve respeitar alguns atributos

coletivos e individuais impossíveis de serem quantificados

de maneira prescritiva. Contudo, identifica-se alguns princípios

básicos que devem reger esta relação entre as práticas alimentares

e a promoção da saúde e a prevenção de doenças.

Uma alimentação saudável deve ser baseada em práticas

alimentares assumindo a significação social e cultural dos alimentos

como fundamento básico conceitual. (PINHEIRO et

al, 2005). Ela se baseia no consumo de alimentos ricos em nutrientes

e que também seja fonte de prazer (gosto, cor, aroma,

forma, textura, temperatura, dentre outros) e reflita positivamente

na promoção da saúde.

Não apenas no ambiente escolar, mas em todos os grupos,

a adoção de práticas criativas de incentivo ao consumo de alimentos

saudáveis valoriza os esforços de profissionais envolvidos

na implantação e desenvolvimento de programas que

promovam a atividade física e qualidade de vida do escolar.

A escola é um ambiente ideal para ações que promovem

um estilo de vida ativo ao longo da vida, contribuindo para a

prevenção de doenças crônico- degenerativas. Assim, a inserção

desses temas como componentes transversais aos currículos

do ensino dão sustentabilidade às iniciativas de educação

em saúde. (BRASIL, 2007)

Alimentos Funcionais: Prevenção de Doenças

Crônicas Não-Transmissíveis

Os alimentos funcionais oferecem alguns benefícios à saúde,

além do valor nutritivo inerente à sua composição química.

Sua funcionalidade pode desempenhar um papel benéfico

na redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis.

Os alimentos e ingredientes funcionais podem ser classificados

de duas maneiras: quanto à fonte, de origem vegetal

ou animal, ou quanto aos benefícios que oferecem, atuando

em seis áreas do organismo: no sistema gastrointestinal; no

sistema cardiovascular; no metabolismo de substratos; no

crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular; no

comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes

(SOUZA, SOUZA NETO e MAIA, 2003).

Os alimentos funcionais apresentam as seguintes características:

Devem ser alimentos a. convencionais e serem consumidos

na dieta normal/usual;

b. Devem ser compostos por componentes naturais, algumas

vezes, em elevada concentração ou presentes

em alimentos que normalmente não os supririam;

c. Devem ter efeitos positivos além do valor básico nutritivo,

que pode aumentar o bem-estar e a saúde e/

ou reduzir o rico de ocorrência de doenças, promovendo

benefícios à saúde além de aumentar a qualidade

de vida, incluindo os desempenhos físico, psicológico

e comportamental;

d. A alegação da propriedade funcional deve ter embasamento

científico;

e. Pode ser um alimento natural ou um alimento no

qual um componente tenha sido removido;

f. Pode ser um alimento onde a natureza de um ou

mais componentes tenha sido modificada;

g. Pode ser um alimento no qual a bioatividade de um

ou mais componentes tenha sido modificada

A nutrição funcional investiga os benefícios dos alimentos

e a maneira como eles atuam na promoção da saúde e no tratamento

de doenças, e como retardam o processo de envelhecimento.

O segredo está nos chamados compostos bio-ativos

ou fitoquímicos encontrados em algumas frutas, verduras,

temperos, iogurtes e leites fermentados (AFFONSO, 2007).

A nutrição defensiva enfatiza fazer escolhas de alimentos

saudáveis para promover o bem-estar e prover os sistemas

orgânicos de maneira que tenham um funcionamento ótimo

durante o envelhecimento, dessa maneira a escolha por alimentos

funcionais pode ser de grande importância. Assim o

consumo de frutas, hortaliças, grãos integrais, nozes, leguminosas,

peixes, ovos e aves são incentivados, já o consumo de

carnes vermelhas e gorduras saturadas devem ser limitados.

(SONATI, VILARTA e AFFONSO, 2007).

Os fatores de risco para as Doenças Crônicas não-Transmissíveis

operam durante o curso da vida das pessoas em

intensidade variável, sendo o hábito alimentar e a atividade

física fatores importantes na prevenção.

Medidas de intervenção para comunidades, e aí se incluem

as escolas, que visam mudanças de hábitos de vida e adoção de

padrões mais saudáveis devem ser sustentáveis no longo prazo.

Segundo Barreto et al 2005, o país passa por um momento

de transições epidemiológicas, demográfica e nutricional e

isso pode ser encarado como uma janela aberta às oportunidades

para desenvolver estratégias efetivas e sustentáveis de

promoção da saúde.

Programas de incentivo ao

estilo de vida ativo na escola

Os programas de incentivo ao estilo de vida ativo representam

uma das tarefas educacionais fundamentais na escola.

Neste sentido, é importante construir conceitos que atendam

às necessidades dos indivíduos, tanto as atuais como as futuras.

Se um dos objetivos é fazer com que os alunos venham

a incluir hábitos de atividades físicas em suas vidas, é fundamental

que compreendam os conceitos básicos relacionados

com a saúde e a aptidão física, que sintam prazer na prática

de atividades físicas e que desenvolvam um certo grau de habilidade

motora, o que Ihes dará a percepção de competência

e motivação para essa prática. Esta parece ser uma função

educacional relevante e de responsabilidade preponderante da

escola.(GUEDES & GUEDES, 2003)

Em 1993, uma conferência internacional realizada em San

Diego, Califórnia, reuniu 34 especialistas representando diversas

áreas científicas, com o objetivo de discutir as necessidades

e fazer recomendações sobre atividades físicas para os adolescentes.

As conclusões e recomendações desta conferência

foram publicadas em 1994 numa edição especial da revista

Pediatric Exercise Science. Dentre as recomendações gerais citadas

por SALLIS & PATRICK, (1994) estão as seguintes:

Todo adolescente • deve realizar atividades físicas diariamente

ou na maioria dos dias da semana;

  • • Os adolescentes devem se envolver em três ou mais

sessões semanais de atividades moderadas a vigorosas,

com duração mínima de 20 minutos por sessão.

Os dados disponíveis na literatura indicam que a maioria

dos adolescentes é capaz de atender à primeira recomendação,

mas é cada vez menor a proporção de jovens, principalmente

meninas, que se envolvem regularmente em atividades físicas

moderadas a vigorosas.

De acordo com NAHAS (2001), os objetivos mais importantes

dos programas talvez sejam aqueles que não podem ser

atingidos em curto prazo. Aliás, se os programas existissem

apenas para atingir objetivos imediatos, como colocar o corpo

em movimento, a natureza seria outra e a necessidade de

professores especializados seria menor. Para se aumentar as

possibilidades de influenciar o comportamento futuro dos

alunos, levando-os a hábitos de vida que incluam atividades

físicas regulares, a Educação Física Escolar deveria:

  • • Propiciar a aquisição de conhecimentos sobre atividade

física para o bem-estar e a saúde em todas as idades;

  • • Estimular atitudes positivas em relação aos exercícios

físicos e a prática esportiva;

  • • Proporcionar oportunidades para a escolha e a prática

regular de atividades que possam ser continuadas

após os anos escolares;

  • • Promover independência (auto-avaliação, escolha de

atividades, programas etc.) em aptidão física relacionada

à saúde.

A atividade física representa um aspecto biológico e cultural

do comportamento humano, importante para a saúde e o

bem-estar de todas as pessoas, em todas as idades, devendo ser

considerada como componente relevante no ensino.

A Educação Física Escolar precisa orientar seus programas,

para atender mais efetivamente à sua função educacional. Cursos

de atualização para os professores em atividade nas escolas são

necessários para que a escola assuma com plenitude sua função

exclusiva e relevante de educar sobre e através da atividade física,

formando cidadãos capazes de tomar decisões salutares.